A ENGENHARIA DO SOM
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Um som é produzido quando há uma vibração em um ponto
de um meio material (ar, água, ferro etc.). Quando batemos com um martelo em
uma barra de ferro, a pancada produz uma rápida vibração no ponto de contacto,
que se propaga pela barra e depois passa para o ar, espalhando-se através de
superfícies esféricas, e diminuindo em intensidade até ser absorvido pelo meio.
Assim, o som nada mais é que uma variação rápida
da pressão em um meio material. No vácuo, onde não há meio material, o som não
se propaga.
A VELOCIDADE DO SOM
A velocidade do som depende apenas do meio em que se
propaga, segundo a lei:
(1)
onde
Compress = Módulo de
compressibilidade adiabática volumétrica (cm2/kgf). Indica qual a
diminuição relativa do volume do material
para um rápido aumento
unitário da pressão. É o inverso do Módulo de Elasticidade Volumétrico
("Bulk Modulus of Elasticity").
Dens = densidade do
material (g/cm3)
Tabela 1: Velocidades do som |
||||
Material |
Compressibilidade |
Densidade |
Velocidade
do Som |
Velocidade
do Som |
Ar (0ºC, 1 atm) |
0.691 |
0.0012929 |
345 |
1 192 |
Água (0ºC) |
47.57.10-6 |
1.0 |
1 435 |
5 167 |
Aço (0ºC) |
0.49.10-6 |
7.8 |
5 064 |
18 229 |
A velocidade de 1192 km/h também é chamada de Mach 1, ou "barreira do som"
na aviação. Um deslocamento acima dessa velocidade se chama supersônico, caso dos aviões de caça e
dos projéteis de arma de fogo. Na água, os submarinos usam o Sonar, um tipo de radar que funciona com
pulsos sonoros de alta frequência (quanto maior a frequência, mais direcional é
o som), que se propagam a 5167 km/h.
Conceitualmente, a velocidade
do som depende apenas da variação da densidade
do material com a pressão aplicada.
Esta variação é igual ao produto da compressibilidade pela densidade. Como as
densidades e as compressibilidades dos materiais são amplamente divulgadas e
conhecidas, fica mais fácil usar a fórmula da velocidade com definida acima.
Se a temperatura variar,
então, para o ar, a velocidade do som será dada por:
(2)
baseado na equação dos gases perfeitos.
PRESSÃO ACÚSTICA
E POTÊNCIA ACÚSTICA
Quando uma onda sonora se propaga em um meio, ela
transporta uma potência acústica média
(RMS) por unidade de área (perpendicular à direção da propagação) chamada
de Intensidade Acústica, medida em
watts por cm2. É um
processo semelhante às ondas que caminham por um lago tranquilo, quando
atiramo-lhe uma pedra.
A propagação, em sua forma mais simples, se dá pela
variação senoidal da pressão em um ponto do meio material. A pressão é medida
em microbar (=dina/cm2=miligrama-força/cm2).
Nessas condições, a Intensidade Acústica transmitida pelo som é:
(3)
Por exemplo, o som menos intenso que podemos ouvir tem
uma pressão com amplitude de 0.0003 microbar (a pressão exercida por um peso de
0.3 microgramas em 1 cm2). A Intensidade Acústica correspondente é
O som mais intenso que o ouvido suporta tem uma
pressão com amplitude de 280 microbar (a pressão exercida por um peso 280
miligramas/cm2) sendo sua Intensidade Acústica:
Assim, o ouvido humano consegue detectar sons em uma
relação de 1 para 1012 W / cm2.
O SOM
DIGITAL
Um som "puro" (ou Tom) é constituído por uma variação continua da pressão com uma frequência fixa. Por exemplo, a nota Lá (um som de referência para
afinação de instrumentos), produz uma vibração de 440 ciclos por segundo (ou
440 Hertz = 440 Hz) no ar. Ela também pode ser "vista" na fig. 1 com
o CoolEdit
(um dos melhores softwares para a edição profissional de áudio). A parte de
cima é o canal estéreo esquerdo, e a de baixo, o canal direito.
O eixo horizontal
(X) mostra o tempo decorrido, enquanto a pressão do ar em um ponto aumenta e
diminui. Como a frequência é de 440 Hz, o tempo de um ciclo é 2.27 milisegundos
(ms), ou 1/440 (um ciclo da senóide demora um tempo dado pelo inverso de sua
frequência).
O eixo vertical (Y)
indica a amplitude da senóide. Na figura 1, a amplitude está indicada como
percentagem do valor máximo que o arquivo MP3 (ou wave, .wav) aceita, que é
32768 (a metade de 2 elevado a 16 bits), para um som de 16 bits. Nessa escala,
1% = 327 em decimal. A senóide é constituída por pontos, pois o som digital é um conjunto de amostras (samples) do som original. Unindo-se os
pontos (interpolação), obtém-se o som
original. Essa união é feita pelo DSP (digital signal processor), o chip do CD
player que lê o sinal digital, transforma-o em analógico, e o envia para o
alto-falante via amplificador de som. Na gravação (via placa de som, por
exemplo), o DSP recebe o sinal analógico e o amostra 44.100 vezes por segundo,
gerando o sinal digital da fig.1.
Quanto maior o número de pontos, mais fielmente a
interpolação representará o som original. O padrão é 44100 Hz (ou 44100
amostragens por segundo). Este valor deve ser maior ou igual ao dobro da máxima
frequência do som original, esta estabelecida em 22.05 kHz (o ouvido geralmente
detecta até 16 kHz). A fidelidade ao som original também depende do número de
dígitos usados para representar a amplitude. O padrão estabelecido foi 16 bits
(que usa pouco mais de 4 dígitos decimais: 0 a 32768). O padrão para CD é 44.1
kHz, 16 bits, para cada canal estéreo.
Figura 1: a nota Lá, de 440 Hz, vista no
Cool Edit a partir de um MP3
SONS COMPLEXOS
O movimento
oscilatório do ar produzido por um som raramente é uma senóide com frequência
fixa, mas sim uma soma de senóides com frequências e amplitudes diferentes, e
com deslocamentos uma das outras (Fase
da senóide). Felizmente, um matemático francês, Jean Baptiste Joseph Fourier
(1768-1830), demonstrou que qualquer
forma de onda é a soma de muitas senóides de diferentes características. Por exemplo,
cada instrumento tem um som típico, chamado de Timbre, e pode ser decomposto numa soma de senóides. Essa
decomposição se chama Espectro do Som,
e é feita por programas chamados FFT (Fast Fourier Transforms). O CoolEdit
mostra o espectro de qualquer som.
Fig.2 Fourier
O DECIBEL
Lidar com grandezas
muito pequenas, como o limiar da audição (10-16 W/cm2),
ou com grandes variações, como a faixa de Intensidades audiveis (1012
W/cm2) não é muito conveniente nos cálculos. Criou-se então uma outra
forma de indicar os valores envolvidos em Acústica, trabalhando-se com as
variações relativas das grandezas, e
com os expoentes envolvidos. Assim,
se uma grandeza é 103 vezes maior que um valor de referência, então
nos referimos a ela como 3 x 10 (o expoente vezes 10). Se for 10-6
vezes menor, dizemos ser (- 6 x 10) (o expoente vezes 10). Em Acústica, quando
se usam os expoentes dos valores relativos, eles são indicados com o sufixo decibel (dB), definido como:
(4)
A Intensidade de Referência (IR) foi
naturalmente escolhida como o limiar da audição (10-16 W/cm2), o que faz que o valor de IR seja, por
definição, 0 dB. A Intensidade máxima audivel, (10-4 W/cm2
), que é 1012 vezes maior que IR, vale 120 dB.
O sufixo PWL (Power Level, ou Nivel de Potência) serve para indicar que
os decibéis foram calculados pela fórmula (4).
Outra nomenclatura usual para o decibel é o dB-SPL, para o caso da
Pressão Acústica (SPL = Sound Pressure Level, ou Nivel da Pressão Sonora).
Neste caso, substitui-se na expressão (4) o valor dado em (3), obtendo-se:
(5)
onde 0.0003 microbar é a pressão minima audivel, correspondente à IR.
As nomenclaturas PWL e SPL servem para indicar a fórmula usada para
calcular o dB.
Para medir o nivel sonoro se
utiliza um Sound Level Meter
(SLM), como o da Radio Shack,
Modelo 33-2055, uso geral (US$ 50). Mede pressões sonoras de 50 a 128 dB-SPL (0
dB -> 0.0002 microbar), na faixa de 32 Hz a 10 kHz, com mostrador digital.
Com esse aparelho pode-se determinar a equalização de um ambiente (com um
equalizador). Veja esta aula de laboratório
baseada nesse SLM.
Usando a linguagem dos decibéis, podemos afirmar que:
·
Não ouvimos sons com
Intensidades menores que 0 dB-PWL ou que 0 dB-SPL.
·
O ouvido não distingue
variações de Intensidade menores que 1 dB-PWL.
·
Uma conversação normal tem
Intensidades em torno de 60 dB-PWL ou 60 dB-SPL.
·
Uma Intensidade maior que
120 dB-PWL (como em uma explosão) danifica permanentemente o ouvido.
·
A máxima pressão acústica
suportada pelo ouvido é 120 dB-SPL.
·
Para dobrar a potência
acústica emitida pelos alto-falantes, devemos aumentar a Intensidade em 3
dB-PWL.
O LOUDNESS E O FON
Loudness é o volume do som
como percebido subjetivamente pelas
pessoas. A potência acústica pode aumentar 1.26 vezes (1 dB, ou 26%), mas para
o ouvido o volume permanece o mesmo. Pode aumentar 10 vezes (10 dB, ou 900%),
mas o ouvido acha que o volume apenas dobrou. Ou ainda, a Intensidade pode ser
de 60 dB (nivel de uma conversação normal), mas a 20 Hz o ouvido não percebe
nada (volume zero), pois é surdo para essa Intensidade nessa frequência.
A medição exata do Loudness, ou Volume do Som, em FONS, é o resultado de uma pesquisa feita em 1933
por Fletcher e Munson (dois cientistas da Bell Laboratories, EUA), como
mostrado na fig. 3. Cada curva horizontal mostra a pressão acústica necessária
(em dB-SPL) para se ouvir todas as frequências com o mesmo volume de som. Nessa fig. 3, cada curva horizontal tem o
mesmo número de "fons", ou seja, o mesmo volume, embora as pressões
variem. O "fon" coincide com dB-SPL somente em 1 kHz (Tab 2):
Tabela 2: Curva do Volume do Som a 10 Fons
|
||
Fons
|
dB-SPL
necessários
|
na
Frequência
|
10
|
81
|
20 Hz
|
10
|
10
|
1 kHz
|
10
|
20
|
10 kHz
|
Figura 3: Curvas de Loudness de Fletcher
e Munson (1933)
Cada
curva indica a pressão acústica em dB-SPL para produzir
a sensação de volume igual em todas as frequências audíveis
Fonte: "Audio Cyclopedia", de H. Tremaine, fig. 1-76A
Assim, se ouvimos um som de 1 kHz com um volume de 10
fons (10 dB-SPL), então um som de 20 Hz deverá ser ouvido com uma pressão
acústica de 80 dB-SPL, para que o volume se mantenha em 10 fons (isto é, para
que ambos sons sejam igualmente escutados, sem predominância de um sobre o
outro). Sem esse ajuste da pressão (equalização),
os sons graves e agudos seriam ouvidos com um volume mais baixo que o de 1 kHz.
Como exemplo, ouça estes sons de 100
Hz, 1 kHz e 10 kHz. Sem o botão Loudness
ligado em seu equipamento de som, os sons grave e agudo vão ser ouvidos com
volume menor que o médio (1 kHz), embora essas três senoides tenham a mesma
amplitude (e produzam a mesma potência acústica com equalização plana).
Os amplificadores costumam ter um botão Loudness, que
aumenta automaticamente o volume dos sons graves e agudos, segundo as curvas de
Fletcher e Muson, permitindo ouvir todas as frequências com igual volume. Ou
então possuem controles de graves, médios e agudos, com ajuste manual (este
ajuste se chama equalização do som, e
pode requerer um Medidor do Nivel Sonoro, SLM).
O SONE
COMO ALTERNATIVA PARA O DECIBEL
As grandezas acústicas costumam ser indicadas em
decibéis. Por exemplo, para dobrar o volume de um som de 1 kHz, aumenta-se a
pressão acústica em 10 dB-SPL (fig. 3).
No entanto, ao invés de se falar "aumentar 10
dB", alguns podem preferir a frase "dobrar o volume". O Sone é uma maneira de expressar uma
grandeza em número de vezes o valor de
referência, estabelecida em 40 dB-SPL (que é o nivel encontrado em uma
biblioteca silenciosa, por exemplo).
Como a cada 10 dB o volume dobra (a 1 kHz), podemos
construir uma escala em Sones, onde o volume de som a 40 dB seja igual a 1
Sone. Com 50 db teremos 2 Sones etc. A fórmula (6) permite construir essa
escala:
(6)
Tabela 3: Equivalência de Unidades Acústicas |
||||
dB |
Sones |
Volume |
Pressão |
Intensidade |
0 |
1 / 16 |
0 |
0.000300 |
10-16 |
10 |
1 / 8 |
10 |
0.000948 |
10-15 |
20 |
1 / 4 |
20 |
0.003000 |
10-14 |
30 |
1 / 2 |
30 |
0.009486 |
10-13 |
40 |
1 |
40 |
0.030000 |
10-12 |
50 |
2 |
50 |
0.094860 |
10-11 |
60 |
4 |
60 |
0.300000 |
10-10 |
70 |
8 |
70 |
0.948683 |
10-9 |
80 |
16 |
80 |
3.000000 |
10-8 |
90 |
32 |
90 |
9.486800 |
10-7 |
100 |
64 |
100 |
30.000000 |
10-6 |
110 |
128 |
110 |
94.868300 |
10-5 |
120 |
256 |
120 |
300.000000 |
10-4 |
130 |
512 |
--- |
948.683000 |
10-3 |
140 |
1 024 |
--- |
3 000.000000 |
10-2 |
150 |
2 048 |
--- |
9 486.830000 |
10-1 |
160 |
4 096 |
--- |
30
000.000000 |
1 |
170 |
8 192 |
--- |
94
868.300000 |
10 |
180 |
16 384 |
--- |
300
000.000000 |
100 |
O AUDIOGRAMA
Para um som bem alto (80dB), as pessoas costumam ouvir
frequências de 20 Hz a 20 kHz.
Já para um som bem baixo (20dB), a faixa audivel vai de 200 Hz a 15 kHz.
A maior sensibilidade auditiva se dá na faixa de 1 kHz a 7 kHz. Somente 1% das pessoas
ouve essas frequências abaixo de 0 dB. A maioria das pessoas (90%) só ouve
essas frequências a partir de um volume de som de 20 sones.
O audiograma é o gráfico da
sensibilidade auditiva de uma dada pessoa, determinado experimentalmente pelos
fonoaudiólogos (ou na Internet). Ele mostra ser necessário maior volume de som
para se ouvir os sons mais graves e os mais agudos (ou seja, o ouvido não tem
uma "resposta plana" para todas as frequências). No entanto, ao
contrários das curvas de Fletcher e Munson, que representam valores médios da população, o audiograma se
refere a uma dada pessoa.
Na fig. 4, os pontos X indicam a sensibilidade do
ouvido esquerdo, e os O indicam a do ouvido direito. A linha cinza continua
mostra a sensibilidade minima "ideal" dos dois ouvidos.
Por exemplo, um som de 60 Hz (a frequência da rede de energia
elétrica) precisa ter um volume de 40 dB para ser ouvido, enquanto que um outro
de 1000 Hz pode ser escutado com um
volume de 0 dB.
Figura 4: O audiograma de uma pessoa
http://www.digital-recordings.com/audiocd/audio.html
POTÊNCIA DE UM EQUIPAMENTO DE SOM
Uma Banda de Rock deseja que
sua audiência, situada a 40 metros do palco, possa ouvi-la com um volume de som
bem alto (90 dB-PWL). Para tanto, precisa saber a potência que seu equipamento
de som deve ter. O conjunto de alto-falantes tem uma especificação do
fabricante dada por 99 dB-PWL a 1.3 metros de distância, quando aplicado 1 W de
potência em seus terminais elétricos. O conjunto comporta até 2.000 watts em
seus terminais.
Figura 5: Medidas da área do Concerto de Rock
1. Pela especificação do fabricante:
Potencia
acústica em um ponto A de uma esfera (fig. 5):
Pote * Potu * (4 * Pi * Ra2 )
(watts) [7]
onde
Pote = potência elétrica em watts que alimenta o
alto-falante.
Potu = potência acústica unitária (em W/cm2),
em um ponto A da esfera, em cujo centro estão os alto-falantes, quando
alimentados com 1 Watt de potência elétrica.
Ra = Raio da esfera (dado pelo fabricante), onde Potu
foi medido.
4 * Pi * Ra2 = área da esfera por onde
passa toda potência sonora gerada pelos alto-falantes.
2. No ponto B da esfera de raio Rb (com uma
potência acústica Potb em W/cm2):
Potencia
acústica em um ponto B da esfera:
Potb * (4 * Pi * Rb2 ) (watts)
[8]
3.
Apenas uma parte da potência que passa pela primeira esfera chega à segunda
esfera, pois há perdas e atenuações no meio do caminho. Assim, dividimos a
fórmula 7 por um número maior que 1, o coeficiente de perdas kperdas = Potp
/ Poto, e a igualamos à fórmula 8, obtendo:
(watts) [9]
4. Como as especificações estão em decibéis,
transformamos (9) para ser expressa em decibéis:
Da definição de decibel:
donde
(watts) [10]
onde
dBb = potência no ponto B,
expressa em dB-PWL
dBp = potência perdida, expressa
em dB-PWL
dBa = potência unitária em A, expresso em dB-PWL
5. Cálculo da potência do equipamento de som
Especificações
do fabricante:
Ra = 1.3 metros
dBa = 99 dB
Especificação
da Banda de Rock:
Rb = 40 metros
dBb = 90 dB
Perdas e
atenuações:
dBp = 10 dB (geralmente)
Assim, deve ser enviada ao conjunto de alto-falantes uma potência de 1191
Watts RMS.
O equipamento de som, como um todo, deverá ter
potência maior que 1191 W, pois também apresenta perdas elétricas.
OBS: A denominação RMS
(Root Mean Square) ou "Potência Efetiva de Áudio", serve para
diferenciar da "Potência de Pico" (PMPO ou "Potência
Musical"), esta última usada pelo comércio, e sempre bem maior que a
potência em RMS. Por exemplo, o equipamento de som "micro system
MC-260" da Philips, anunciado no Estadão em 02-ago-2004 (p.I-9), tinha 20
watts RMS e 400 watts PMPO, ou seja, a potência efetiva (20 watts) era
5% da potência musical (400 watts).
A POTÊNCIA EM "RMS" E EM
"PMPO"
O texto a seguir, que explica bem a diferença entre
RMS e PMPO, foi obtido de http://www.fact-index.com/p/pm/pmpo.html e aqui traduzido.
PMPO significa "Peak Momentary Performance
Output", ou "Saida de Pico do Desempenho Momentâneo". É uma
medida duvidosa da potência de um alto-falante, mais de interesse para o
comércio do que para os consumidores. O PMPO é calculado, pelo fabricante ou
pelo testador de alto-falantes, como a potência máxima em watts, sob
perfeitas condições, impossiveis de serem conseguidas com o uso normal do
alto-falante. Nenhum sistema de som consegue manter sua potência PMPO por mais
de uns poucos milésimos de segundo sem ser destruido.
Uma medida muito mais séria e confiável é o Watts-RMS.
RMS significa "Root Mean Square", ou "Média Quadrática". O
RMS é obtido tomando-se a média da potência máxima que o alto-falante aguenta,
sem sofrer dano, por um longo periodo de tempo.
OBS. Matematicamente, a potência
efetiva em Watts-RMS é obtida pela fórmula:
onde VK e IK
são a tensão elétrica em Volts e a corrente elétrica em Ampères, fornecidas
pelo equipamento de som, aos alto-falantes da caixa de som, em um instante K.
O produto (VK * IK) é a potência elétrica instantânea,
em watts, fornecida ao alto-falante no instante K. Existem aparelhos, os
wattimetros, que medem automaticamente a energia consumida (semelhantes aos
usados pela Eletropaulo e outras empresas para o cálculo da "Conta de
Luz"). Observe que a potência efetiva não é igual ao produto da
tensão efetiva pela corrente efetiva. Veja aqui mais detalhes.
Para se ter uma idéia da relação entre watts-PMPO e
watts-RMS, considere os seguintes valores anunciados nos catálogos de alguns
alto-falantes:
·
TEAC PM-100 3D
surround-sound speakers: 16 W-RMS, 180 W-PMPO
·
Kinyo 200W PC-speakers: 3 W-RMS, 200 W-PMPO
·
Philips
Fun Power Plus MMS-102 PC-speakers: 10 W-RMS, 120 W-PMPO (no entanto, a
especificação da Philips menciona apenas o valor RMS; o valor PMPO é anunciado
apenas pelos comerciantes)
Essa lista mostra que os valores da PMPO são muito
exageradas, se comparados com os da RMS usados pelos profissionais.
A potência da corrente alternada, que inclui o áudio,
é medida em watts-RMS, que é equivalente à potência usada no aquecimento em
corrente continua. Este é um método honesto. Um dado amplificador com
acoplamento direto (os transformadores são raros em equipamentos não usados nas
redes elétricas de potência) pode obviamente variar sua saida de zero até no
máximo VCC (máxima voltagem que alimenta o amplificador). Isto limita um
simples amplificador de áudio de um carro a algo entre 12 V de variação, pico a
pico na saida.
Por exemplo, um amplificador ideal (100% eficiente)
com alimentação de 12 V (bateria do carro), pode comandar um sinal de amplitude
6 V. Em um alto-falante de 8 ohms, isto vai fornecer:
6V x 6V / 8 ohms = 4,5 watts
de pico (máximo instantâneo)
Se o sinal for senoidal, seu valor RMS será 6V x 0,707
= 4,242 V-RMS. Esta voltagem, alimentando um alto-falante de 8 ohms fornece uma
potência de:
4,242V x 4,242V / 8 = 2,25
watts-RMS
Com um alto-falante de 4 ohms, os valores dobram. Você
pode notar qual valor o pessoal de marketing vai querer usar. Também pode observar
por que alguns aparelhos de áudio do carro usam alto-falantes de 2 ohms.
Com uma saida diferencial (push-pull) do amplificador,
a variação dobra, e a potência aumenta por um fator de 4. Assim, com uma
alimentação de 14.4 VDC (VDC = voltagem constante), que é a máxima voltagem de
uma bateria nova de carro, a máxima saida possivel para um alto-falante de 4
ohms é cerca de 14,4 x 14,4 x 0,707 / 4, ou em torno de 46 watts-RMS.
A "Potência Musical" (PMPO) é obtida
usando-se um multiplicador meio arbitrário, baseado no fato de que
amplificadores não podem fornecer potência máxima por muito tempo, mas podem
fornecer alta potência durante curtos periodos (como na batida de um tambor).
Isto faz com que possam reproduzir sons normais que tenham uma relação
pico/média alta.
Para se obter mais potência, equipamentos avançados
usam conversores DC-DC para gerar uma voltagem de alimentação mais alta que 12
V (às custas de maior consumo de corrente da bateria).
A potência verdadeira de saida de um amplificador pode
ser estimada examinando-se a entrada DC. Amplificadores lineares tendem a ser
em torno de 60% eficientes, no máximo. Um amplificador de carro, rotulado com
"500W PMPO", mas ligado através de um fusivel de 5 ampères, pode
fornecer uma potência máxima de 5A x 14,4V x 60%, ou cerca de 43 watts-RMS.
BIBLIOGRAFIA
Clássicos sobre Engenharia de Áudio
Harry F. Olson,
"Music, Physics and Engineering" (McGraw-Hill, 1967)
Roger Darry, "PC Audio Editing" (Elsevier, 2003), para o CoolEdit
Lauro X. Nepomuceno, "Acústica Técnica" (Etegil Ltda., 1968)
Don & Carolin Davis, "Sound System Engineering" (Howard, 1978)
Leo Beranek (MIT), "Acoustics" (McGraw-Hill, 1954)
Leo Beranek (MIT), "Noise Reduction" (McGraw-Hill, 1960)
Links
http://hyperphysics.phy-astr.gsu.edu/hbase/sound/soucon.html#soucon
http://www.acoustics.org/faqs.html
http://mathpages.com/home/kmath109/kmath109.htm
http://www.doh.ie/pdfdocs/hearing.pdf