Bandolim
(Mandolin)
O bandolim vem de uma família de
instrumentos que caíram em desuso com o tempo. Seus "irmãos" são a bandolineta
(sopranino), a bandoleta (alto), a bandola (soprano), o bandoloncelo (baixo) e o
bandolão (baixo – com forma de bandolim mas tocado como contrabaixo, com cerca
de 1,5m de altura). O bandolim, assim como a bandola, atuava como soprano.
Podemos estabalecer relações entre esta família e a do violino. O bandolão
corresponderia ao baixo, o bandolocelo ao violoncelo, a bandola à viola e o
bandolim ao violino. O bandolão é afinado em (do agudo para o grave) sol, ré, lá
mi; o bandolocelo em lá, ré, sol dó; a bandola em mi, lá, ré, sol (bandolim
oitavado) ou em lá, ré, sol, dó (bandola tenor); e o bandolim em mí, lá, ré,
sol.
Seu nome deriva de mandolim, que tem a mesma raiz de amêndoa, lembrando o
formato do instrumento. Os bandolins existem desde o séc. XVI, tendo a sua
origem na Itália, onde surgiram para substituir o alaúde. É interessante notar
que cada cidade tinha o seu bandolim que se diferenciavam pelo número de cordas
e a afinação. Gozou, na Itália, de grande prestígio, tendo Vivaldi, Mozart,
Haendel, Verdi e outros composto peças especialmente para o bandolim.
Apesar da confusão entre modelos, cidades e afinações, historiadores parecem
concordar que dois modelos foram as raízes dos que os sucederam. O mandolino
representa o tipo milanês, de forma similar à de um pequeno alaúde com cordas de
tripa e, tal como ele, predominantemente tocado com os dedos. Adotando a técnica
da execução com palheta só a partir da segunda metade do séc. XVII e início do
séc. XVIII, a sua afinação se faz em quartas. De formato periforme reduzido e
costas abauladas, o mandolino dispõe de quatro a seis cordas duplas e adota
designações tão diversas como as de alaúde soprano, pandurina ou mandora. Já o
termo bandolim designa um segundo tipo de instrumento, de origem napolitana e
repertório predominantemente francês. Desenvolvido em meados do séc.XVIII, as
suas costas são profundamente periformes e abauladas , o cravelhame é inclinado
relativamente ao braço que possui trastos. A boca é circular e sobre ela passam
as quatro cordas metálicas duplas tocadas com palheta. A sua afinação mais comum
é em quintas, similar à do violino.
Indo em direção ao sul e chegando
a Portugal, o bandolim se aproxima ainda mais do formato que conhecemos.
Enquanto os italianos construíam os seus bandolins com forma semelhante à do
alaúde, com costas arqueadas, em Portugal foram construídos com o fundo chato.
Assim como o cavaquinho, o bandolim veio na mala dos colonizadores portugueses,
e assumiu sotaque local, sendo amplamente utilizado em serestas, valsas e,
obviamente, na música portuguesa, principalmente o fado. A música lusitana teve
forte influência em nossos bandolistas, a se notar por Jacob do Bandolim.
No choro, o bandolim não faz parte dos instrumentos da primeira hora. Os chorões
primitivos preferiam a combinação de flauta, violão e cavaquinho. As bandas,
como a do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, dirigida por Anacleto de
Medeiros, trouxeram a clarineta, o sax e outros instrumentos de sopro. Com
Ernesto Nazareth veio o piano. Mais tarde a percussão foi entrando devagar. Só
com o surgimento de músicos do valor de Luperce Miranda e Jacob do Bandolim é
que o bandolim veio integrar a linha de frente do choro.
A primeira gravação brasileira do bandolim como instrumento solo data de 1913. O
Grupo dos Sustenidos registrou, entre outras, a valsa Saudade eterna, de Santos
Coelho, peça executada até hoje.
Em outros países colonizados, o bandolim também se adaptou a funções locais. Nos
Estados Unidos é muito usado no bluegrass e na música folclórica, tendo
atingindo seu pico de popularidade nos anos 40, com as grandes "Mandolim
Orchetras". É interessante notar que nos Estados Unidos os bandolins chegaram
com o fundo abaulado, como os napolitanos. Foi a Gibson que produziu modelos de
fundo chato, como os portugueses já faziam e nós, brasileiros, adotamos.
http://cliente.escelsanet.com.br/ffdffd/bandolim/biblioteca/hist.html
Som do Instrumento
(acompanhado de violão)
"Melodias Portuguesas", com Irene Coelho, Beverly AMC 5054 (1970)