1999. Num dia de agosto o céu amanhecerá sombrio. Um imenso arco-íris negro, provocado por uma anomalia magnética, se formará lentamente nos céus e consumirá todo o oxigênio existente na superfície da Terra. Completamente desequilibrado por esta perda de peso, o planeta será então atirado sobre o Sol, e tudo que há de vivo em sua superfície será destruído pelo fogo...
Proferida pelo profeta psíquico inglês Criswell no início dos anos 80, esta profecia poderia fazer a cabeça de muita gente que antevê o fim do mundo, mesmo que tomassem conhecimento de outras profecias delirantes feitas por Criswell na mesma época, como: "Londres será destruída por um asteróide em chamas no dia 18 de outubro de 1988. Nesta época a população dos EUA será tomada por uma loucura sexual como conseqüência de um afrodisíaco poderoso que será introduzido nos reservatórios de água e no sistema de ar refrigerado das casas e dos edifícios."
As profecias estão esquentando: se aproxima a hora do final de um século e de um milênio, tudo isso regado pela transição de eras astrológicas. Um momento ímpar no referencial humano da contagem do tempo. Tal passagem singular pode ser comparada ao ato de zerar o hodômetro de um automóvel para se começar uma nova contagem. É, sem dúvida, um prato cheio para os catastrofistas !
O catastrofismo é uma atividade muito antiga, cujas origens remontam à mais profunda noite dos tempos. Podemos denominar de catastrofismo à tentativa de prever com antecedência, e por diversos meios, os cataclismos que poderão eventualmente varrer a superfície da Terra e destruir grande parte - ou a totalidade - da raça humana. Vamos encontrar esta atividade entre místicos e cientistas; astrólogos, astrônomos, videntes e profetas; alguns delirantes, outros bastante competentes na arte de prever o futuro. Dentro da vasta gama de catastrofistas, temos os que sincera e messianicamente entendem estar prestando um serviço à humanidade por alertá-la da hora final que se aproxima; e temos também aqueles que, identificando a fraqueza humana que teme a morte e o juízo final, procuram explorá-la em benefício de seus bolsos ou de suas causas. Bem intencionados ou não, os catastrofistas têm sempre um ponto em comum: estão jogando para um futuro próximo a dúvida da sobrevivência da raça humana - ou parte desta.
DEPURACIONISTAS
Um dos temas mais explorados pelos catastrofistas é o da depuração da raça. Parece que um dos mitos primordiais do ser humano é o advento de uma humanidade constituída pelos seus espécimes mais "evoluídos", de mais "alta faixa vibratória", que resultariam de uma seleção na raça humana através de um cataclismo, que iria separar estas almas mais avançadas daquelas de baixa vibração, de espiritualidade tosca, ou que não estivessem integradas a um determinado plano, grupo ou crença.
Quanto ao grande cataclismo, seja de que natureza for, é natural que os depuracionistas se visualizem na primeira classe do avião da salvação. Assim, vamos encontrar depuracionistas construindo cidades sagradas, constituindo grupos, seitas, religiões, enfim, se agrupando à espera do cataclismo que irá exterminar parte da humanidade do planeta, enquanto eles estarão a salvo, apenas por terem se mudado para um certo lugar, ou por terem adotado determinadas práticas e crenças.
Os processos de redenção imaginados pelos depuracionistas são bastante imaginativos: desde naves espaciais que virão recolher os escolhidos, salvando-os da catástrofe iminente, até cidades que milagrosamente estarão a salvo, simplesmente por estarem situadas em determinados pontos energéticos do planeta. Existem ainda os que acreditam em anjos salvadores e até os que julgam que o caminho da salvação é o interior da Terra.
Uma questão que se poderia colocar quanto ao depuracionismo é a pressuposição de que alguém possa ser separado do "resto", já que em seu próprio interior, na alma de cada homem, está contido todo universo, a totalidade do bem e do mal, o que, em última instância, é o grande enigma a ser solucionado por todos nós. Enquanto seres polarizados, os homens, sem exceção, contêm em si todas as virtudes e defeitos da humanidade inteira. É de se esperar que se houvesse um cataclismo de dimensões avassaladoras, para surpresa dos sobreviventes, após algum tempo de solidariedade e estupefação, voltariam a surgir sociedades com os mesmos defeitos e virtudes do passado. Da mesma forma, se houvesse algum tipo de resgate extraterrestre dos seres de "alta vibração", também é de se esperar que carreguem na sua essência todos os vícios da raça humana. Para escapar deste estágio denominado "humanidade", necessariamente imperfeito, penso que o único caminho é o vertical, o interno, o individual, a elevação vibratória em decorrência da evolução natural do indivíduo, sua iluminação, e não através de um processo coletivo, artificial, vindo de fora.
ANTIGOS E MODERNOS
É um fato que muitas religiões, antigas ou atuais, se baseiam no catastrofismo. Sem dúvida, um dos bons motivos para os homens se reunirem sob um mesmo credo, aceitando seus dogmas e princípios, é o temor do fim do mundo. Seria divertido, se não fosse trágico, a longa seqüência de "finais do mundo" anunciados pelos mais diversos personagens, entre místicos, visionários, lunáticos e aproveitadores. Haja mundo para tanto fim!
Em 960 um profeta chamado Bernard, anunciou que o fim do mundo ocorreria no dia em que a sexta feira santa coincidisse com a festa da "Anunciação da Virgem". Este fato ocorreu em 992, e toda cristandade ficou de joelhos, orando nas igrejas, mas o fim do mundo não aconteceu. Oito anos depois, a cristandade inteira caiu novamente de joelhos, esperando o fim do mundo que, segundo o Apocalipse, deveria ocorrer mil anos após o nascimento de Cristo. Mas tiveram que se levantar e voltar para suas casas.
Em junho de 1523, um astrólogo inglês anunciou que em decorrência do alinhamento planetário no grau doze de Peixes, em 21 de fevereiro de 1524, ocorreria o fim do mundo, iniciando com destruição de Londres por um dilúvio. Com a aproximação do dia marcado, o pânico se estabeleceu na cidade e o Tâmisa não coube para tantas embarcações repletas de desesperados, mas o fim do mundo não aconteceu e a população voltou para casa ressabiada.
Em 1761, a mesma Londres foi sacudida por dois terremotos com quatro semanas de intervalo, dias 8 de fevereiro e 8 de março. Um profeta de ocasião - William Bell - aproveitou o ensejo para anunciar que o fim do mundo ocorreria quatro semanas depois, no domingo, 5 de abril. Como isto parecia bastante lógico, sua profecia teve um grande êxito e desencadeou um pânico fantástico. Mais uma vez os londrinos refugiaram-se nas colinas da região para escapar do dilúvio, e os barcos do Tâmisa ficaram repletos de passageiros aterrorizados. O fim do mundo não ocorreu e, felizmente, a única vítima, além do rio Tâmisa, foi o profeta, que acabou internado num hospício no dia seguinte, onde continuou pregando o fim do mundo, sempre com quatro semanas de intervalo.
Mas a atividade de catastrofista não afeta apenas os profetas de ocasião. Mesmo videntes modernos, reconhecidos pelo acerto de suas previsões no campo individual, não escapam à tentação de prever mega-catástrofes. Uma das maiores videntes do nosso século foi Jeane Dixon, que previu com exatidão os assassinatos de John e Robert Kennedy, Martin Luther King e do Mahatma Gandhi, bem como a morte suspeita de Marilyn Monroe. Entre os anos sessenta e setenta, Dixon fez as seguintes profecias para o fim do milênio: a colisão de um gigantesco asteróide com a Terra em 1982, a destruição da Califórnia em 1983, a colisão da Terra com um cometa em 1985 e o fim do mundo no ano 2000. Apesar da inegável competência de Dixon no campo das profecias individuais, no que tange às grandes catástrofes, por enquanto, o placar é de 3x0 para a vida.
Temos também, entre os catastrofistas moderados, o mais famoso vidente do nosso século: Edgard Cayce, o "Profeta Adormecido". Ele anunciou em 1934 que a costa leste dos EUA será completamente destruída, entre o sul da Virgínia e o norte da Flórida, possivelmente em 1998, e que a Antártida derreterá inteira até o final deste século. Também previu, para essa época, a destruição de Nova York, São Francisco e Los Angeles, bem como do norte da Europa. Como vemos, Cayce tinha uma certa predileção catastrófica pelo Hemisfério Norte. Ainda bem!
Eventualmente vamos encontrar catastrofistas trabalhando em grupo, numa espécie de vidência coletiva. Foi assim que Kebrina Kinkade, famosa vidente californiana, juntou-se nos anos 70 a outros videntes para profetizar, num arroubo de preciosismo catastrófico, que a Califórnia seria destruída em 15 de julho de 1986, às 2 hs da manhã, por um terremoto avassalador. Além disso, o grupo também chegou à conclusão de que naquele mesmo ano astronautas americanos pousariam em Marte. Como sabemos, nem a natureza e nem a NASA colaboraram com Kebrina e seus videntes. Este grupo previu também um cataclismo mundial para 1999 e, por isso mesmo, acho que podemos nos sentir mais tranqüilos com relação à passagem de milênio.
O "EFEITO CHUPETA"
Como disse anteriormente, astrólogos, videntes e profetas não têm o monopólio do catastrofismo. Cientistas também adoraram aterrorizar. Temos, entre muitos outros, o caso de Muñoz Ferrada, astrônomo argentino. Segundo Ferrada, que faz jus ao sobrenome, a Terra será totalmente destruída em 18 de maio de 2000, pontualmente às 23:30 hs de Greenwich. Ferrada proferiu suas previsões em 1963 numa conferencia em Paris, no palácio da Unesco. Num arroubo catastrófico, Ferrada garantiu que as forças da natureza iriam se desencadear contra a Terra a partir de 1986. Terríveis erupções vulcânicas se dariam no mundo todo. As águas dos oceanos subiriam cem metros e deixariam submersas as regiões costeiras e as ilhas. A Índia, o Mediterrâneo e a América do Sul passariam por um dilúvio catastrófico. Uma mudança total de clima teria lugar na América do Sul após um deslocamento dos pólos da Terra, entre 1986 e 1993. O eclipse total do Sol em 3 de novembro de 1994, daria sinal para uma série fantástica de erupções vulcânicas. E na hora anunciada, a 18 de maio de 2000, nenhuma intervenção humana poderá impedir que ocorra o fim do mundo. Como vemos, um personagem muito lúcido esse Ferrada, que se fundamenta naquilo que é o maior temor (ou será "prazer"?) dos catastrofistas modernos: a possibilidade de alteração do eixo polar da Terra.
Segundo os cientistas catastrofistas, existem pelo menos cinco diferentes cataclismos que poderiam causar o fim do mundo e a destruição total ou parcial da raça humana: a mudança de inclinação do eixo polar, a colisão de um asteróide ou cometa com a Terra, o aumento ou diminuição da atividade solar, a chegada de um período glacial e uma guerra nuclear; ou então, a combinação inverossímil de duas ou três dessas catástrofes. Dessas possibilidades, a teoria da "mudança do eixo" vem ganhando na preferência segundo o Ibope Catastrófico, seguida de perto pelas teorias da "guerra nuclear" e "choque de cometa". Esta última possibilidade ganhou vários pontos depois que o Shoemaker andou dando alguns pontapés em Júpiter. Quanto aos que defendem a hipótese da "mudança de eixo", há referências a um planeta perdido no espaço, que passaria entre a Terra e Marte, e cuja atração gravitacional provocaria a referida oscilação no eixo da Terra.
Também parece haver um consenso catastrófico de que Maio do ano 2000 é o mês mais propício à "mudança de eixo" da Terra, como propôs Muñoz Ferrada. Durante vários dias estará ocorrendo uma super concentração planetária no signo de Touro, um alinhamento que segundo algumas autoridades no assunto - científicas ou não - poderia provocar um "Efeito Chupeta" no planeta Terra, fazendo-o balançar no céu feito um balão ao vento. Apesar de não se basearem nas implicações gravitacionais do "Efeito Chupeta", alguns astrólogos também concordam no ponto em que essa magnífica concentração planetária tem um simbolismo aterrorizante. Com Urano em quadratura ao alinhamento planetário em Touro, há uma perspectiva astrológica que aponta para a "dança da esfera", no caso a Terra.
Se isso acontecer, num ponto os cientistas estão todos de acordo: uma mudança de inclinação do eixo da Terra, dependendo do grau e da rapidez em que ocorrer, poderá provocar ondas oceânicas de mais de 500 metros de altura, viajando a enormes velocidades, fazendo submergir as cidades costeiras e as ilhas; também teríamos ventanias e tempestades próximas a mil quilômetros horários, pulverizando cidades. Tudo isso num ritmo de terremotos fora da escala Ritcher. Nem os funkeiros iam agüentar esse embalo.
NOSTRADAMUS JÁ DIZIA
Segundo os estudiosos de Nostradamus, existem pelo menos três quadras que podem estar se referindo a este cataclismo previsto para Maio de 2000, sendo a mais conhecida a famosa "Quadra 83 da Nona Centúria":
Quando o Sol a vinte graus de Touro, haverá um violento terremoto,
O grande teatro cheio entrará em ruínas:
O ar, o céu e a Terra ficarão escuros e obscuros,
Os descrentes clamarão por Deus e pelos santos.
Nostradamus foi, sem dúvida, o maior catastrofista de nossa era. Ninguém jamais se igualou ao célebre profeta, cuja linguagem de suas "Centúrias", cifrada por anagramas e alcunhas, não permite que se entenda quase nada do que ele está querendo dizer, exceto de que trata-se de uma catástrofe.
Nostradamus acertou muitas profecias, algumas com notável precisão, o que só ficou claro depois do evento consumado, e nunca antes. O grande problema de suas "Centúrias" é exatamente o fato da linguagem ser incompreensível. E, sendo assim, a maioria prefere compreender da pior maneira. Existe um catastrofista enrustido em todos nós, e Nostradamus tinha grande conhecimento dessa morbidez humana; por isso sua obra tornou-se um eterno best seller. Nostradamus tomou ainda o cuidado de não colocar data na maioria de suas profecias, para que os homens do futuro possam continuar lendo "As Centúrias", e interpretando-as de forma a acreditar que o fim do mundo está logo ali, diante do nariz. Com isso, garantiu a imortalidade através da mortalidade.
Quanto a mim, caro leitor, acredito que final dos tempos e a tão ansiada seleção vibratória é um processo necessário, mas não terá muita utilidade se vier de fora. Trata-se de um processo interior e individual.
É claro que um dia, como tudo o mais, a Terra e a humanidade irão perecer. No entanto, penso que o tão falado Apocalipse nada mais é do que um mito que reflete nossa eterna insatisfação com o mundo das formas e das polaridades, nosso desejo íntimo de "zerar" o hodômetro e começar de novo o jogo da vida. Num certo sentido, todos passamos por apocalipses; todos passamos por "fins de mundo" que sempre marcam renascimentos em outros níveis de consciência.
No sua estância mais elevada, o Apocalipse é esse mito que reflete o eterno anseio da alma por sobrepor-se ao mundo das formas e retornar à sua Unidade Original, à sua Suprema e Divina Fonte.
A "CHUPETA GRAVITACIONAL" EM MAIO-2000
Chamamos de zênite de um planeta ao ponto da superfície da Terra cortado por uma linha imaginária que liga o centro da Terra ao centro desse planeta, eixo por onde se dá a atração gravitacional. Como podemos observar pelo mapa Astro*Cartográfico, em Maio do ano 2000 o alinhamento de planetas no signo de Touro faz com que os zênites dos cinco planetas mais próximos da Terra, mais o Sol e eventualmente a Lua, se concentrem numa mesma região da superfície da Terra, provocando um autêntico cabo-de-guerra gravitacional nessa região. Como a Terra gira, essa "chupeta gravitacional" também estará se movendo durante o dia ao longo da eclíptica, mais ou menos próxima ao Equador. Segundo os catastrofistas, se em algum momento essa tensão gravitacional passar dos limites, a Terra pode balançar no espaço, saindo fora do eixo.
Em 18 de Maio, às 23:30 hs GMT (20:30 hs no RJ), a "chupeta gravitacional" estará passando pelo Oceano Pacífico. Para Muñoz Ferrada é a hora do "fim do mundo". Segundo os estudiosos de Nostradamus, isto se daria um pouco antes, em 11 de Maio, com o Sol a vinte graus de Touro, conforme a Quadra 83 da Nona Centúria. Há uma outra corrente que garante ser no dia 4 de Maio de 2000, na Lua Nova de Touro (1 hora, 11 minutos e 11 segundos no RJ) o momento do Apocalipse. São três fins de mundo num único mês, separados por uma semana, sempre numa quinta feira. Logo, ainda há uma quinta feira vaga nesse "catastrófico" mês de Maio do ano 2.000... Alguém se candidata?