VII - O bloqueio das comunicações (telefônicas, telegráficas, postais)

Uma das críticas que os dirigentes e os planificadores de tendência coletivista movem aos regimes capitalistas é a de que a livre concorrência, ou supostamente tal, é danosa porque provoca o gasto de dinheiro e recursos em publicidade e na duplicação de esforços tendentes a fabricar produtos que diferem uns dos outros em mínimos detalhes, e que não dão ao público nenhuma vantagem a mais com sua ilusória variedade, ao passo que o sistema tem a única finalidade de maximizar os lucros dos grandes complexos industriais e comerciais. Sustentam, pois, os coletivistas que se poderia obter uma utilização muito mais eficaz dos recursos e uma melhor qualidade dos produtos e dos serviços se, concomitantemente com a concorrência, uma autoridade central definisse o que deve ser fabricado, por quem, quando, em que quantidade e com que determinadas características: isto e, um regime de monopólio controlado pelos poderes públicos.

Ora, se há um grupo industrial que tenha podido gozar de todas as vantagens imagináveis de uma situação de monopólio - e que, entretanto, está sob o controle bastante eficiente de um poder público como a Federal Communications Commission norte-americana (pelo menos no que se pode falar de eficiência do poder público) - este é, indubitavelmente, a American Telephone & Telegraph Co., que há quase cem anos tem nos Estados Unidos o monopólio da fabricação dos telefones e da construção e do uso das redes telefônicas. Por isso mesmo, é de se esperar que deva ser ótimo o sucesso desta gigantesca sociedade, pelo menos do ponto de vista dos lucros obtidos pelos acionistas, como também da qualidade dos serviços fornecidos.

E, sem dúvida, o Bell System (constituído pela A.T. & T., uma holding que compreende a Long Lines Division, os Bell Telephone Laboratories, que se ocupam de pesquisas de base, a Western Electric, que fabrica aparelhos, e 24 companhias regionais) pode se gabar de um primado impressionante entre todas as sociedades industriais no que diz respeito as inovações científicas produzidas pelo grupo (basta citar o transistor inventado em 1948 e a Teoria das Informações de autoria de Claude Sharmon, quando este trabalhava para os laboratórios Bell). Não obstante tudo isto, os negócios econômicos e os serviços técnicos da A.T. & T. não estão hoje em condições muito brilhantes.

O estado das comunicações telefônicas nos Estados Unidos, por outro lado, deteriorou-se de modo tanto mais flagrante quanto mais se tem em vista que o sistema Bell era considerado, ainda há pouquíssimos anos atrás, como não apenas o maior mas também o mais moderno e eficiente do mundo. A degradação começou na segunda metade de 1968, nas áreas de maior concentração urbana, e particularmente na cidade de Nova York, onde, já em 1969, a situação era verdadeiramente trágica. Os atrasos no serviço, a impossibilidade de estabelecer comunicações, o número de defeitos não reparados por dias ou semanas, tudo criou um tal estado de coisas que, por exemplo, a Benton & Bowles Inc. - uma grande empresa de publicidade - comprou uma pagina inteira do New York Times unicamente, para publicar os nomes dos seus oitocentos dependentes junto com um breve comentário que dizia: "Vocês talvez não acreditem que estas pessoas ainda trabalham conosco, porque não conseguem falar ao telefone: mas aqui estão todas - venham encontrá-las e vê-Ias."

O quartel-general da A.T. & T. ficou quase inalcançável por telefone durante muitos meses, porque era ligado à central automática Plaza-8, uma das mais congestionadas. A New York Telephone Co., do grupo A.T. & T., foi citada em juizo com um pedido de ressarcimento de 330 milhões de dólares por um grupo de cidadãos do distrito Bedford-Stuyvesant, que lamentavam os danos causados pelo deterioramento do serviço nos últimos três anos.

O caso dos telefones americanos é bem típico das degradações sistemáticas em larga escala: nele se reconhecem todas as causas remotas e próximas da deterioração e seus habituais modos de desenvolvimento.

O sistema telefônico americano é muito grande (mais de cem milhões de usuários), cresceu mui rapidamente, dobrando em menos de vinte anos e é muito concentrado. Somente, na cidade de Nova York - onde o número de usuários é de onze milhões, superior em mais de vinte por cento ao número total de telefones na Itália - são gerados mais de dez por cento dos 350 milhões de telefonemas efetuados diariamente, nos Estados Unidos.

A causa primeira da crise eclodiu em virtude de graves erros de previsão. Em 1967, a New York Telephone Co. previu uma estagnação no aumento do produto nacional bruto e não deduziu que a demanda do serviço telefônico cresceria em 1968 em mais de quatro por cento. Por conseguinte, reduziu em 24 milhões de dólares o orçamento para novas obras. Por outro lado, a demanda cresceu em 1968 e em 1969 de modo brusco e maciço, devido a diversas causas: aumento da atividade da Bolsa de Wall Street, incremento da transmissão de dados numéricos nas linhas telefônicas entre os centros de elaboração eletrônica, decisão das entidades de assistência de pagar também o telefone de seus clientes. Além disso, parece que as pessoas começaram a telefonar mais, simplesmente porque achavam melhor ficar em casa a fim de evitar os engarrafamentos do trânsito e a violência nas ruas e, quando saiam, deixavam o fone fora do gancho para fazer crer a eventuais ladrões, que telefonassem antes do golpe para saber se havia alguém em casa, que havia alguém em casa. Neste, caso, o funcionamento das centrais de tipo antiquado, ainda em uso, ficava seriamente impedido.

Inicialmente, este salto imprevisto na curva da demanda foi considerado como uma aberração temporária, mas a curva não se estabilizou como se esperava: subiu mais e continuou subindo.

Tendo em vista a existência da crise e o fato de que suas dimensões poderiam ser apreciadas por qualquer observador menos atento, a New York Telephone Co. decidiu aumentar os seus investimentos anuais em aparelhagens, destinando para isso um bilhão de dólares. Pode-se ter uma idéia do que isto representa, sabendo-se que o total destinado pela A.T. & T. para todos os Estados Unidos é de 7,5 bilhões de dólares Mas, o tempo de que precisava a indústria manufatureira e o tempo técnico impediram que os eleitos deste remédio fossem sentidos antes de dois ou três anos.

A segunda causa da crise é financeira. A prazo mais longo, calculou-se que em 1979 os investimentos da A.T. & T. devem alcançar 150 bilhões de dólares somente para manter os serviços existentes, para estendê-los, dentro em breve, também, aos videotelefones e para incrementá-los proporcionalmente à demanda. Esta necessidade de capital é enorme: a A.T. & T. espera - mas não pode estar certa satisfazê-la em parte, oferecendo aos investidores particulares duzentos milhões de novas ações e uma quantidade comparável de obrigações, pretendendo, por outro lado, recorrer a um aumento das tarifas que, já agora, deverão incrementar as entradas anuais em dois bilhões de dólares. O aumento das tarifas, porém, não será automático, mas tem de ser aprovado pela Federal Communications Commission, a qual, seguramente, se oporá a alguns dos pedidos e, enquanto isso, favorecerá a curto prazo os interesses dos usuários, talvez obrigando-os a prazo mais longo a sofrer os incômodos de um serviço telefônico deteriorado de modo estável.

Os 150 bilhões de dólares necessários até 1979 não bastarão, contudo, para completar a modernização do Bell System - se bem que representem 15 por cento aproximadamente do produto nacional bruto americano em 1971. Além disso, está previsto que a passagem das centrais telefônicas convencionais para aquelas completamente eletrônicas não será completada antes do ano 2010.

As decisões erradas dos responsáveis pelos telefones dos EUA foram favorecidas pela confiança excessiva nas inovações técnicas, representadas por estas centrais de comutação inteiramente eletrônicas e que funcionam, por isso mesmo, com velocidade muito superior à das tradicionais eletromecânicas. O emprego das novas centrais, que, no futuro, terá sensíveis vantagens, no momento causa sérios embaraços (de que não se pode ficar alarmado: trata-se de normais "distúrbios da dentição que é a expressão usada pelos técnicos para definir os inconvenientes ocorridos nos primeiros tempos do emprego de cada novo produto complicado e, em particular, no período inicial de cada grande inovação ligada a uma parte vital de um sistema existente).

Todos esses aborrecimentos somam-se uns aos outros sem que os dirigentes da A.T. & T. tenham possibilidade de adotar preventivos a tempo. A resposta oficial às críticas que partiam de todas as partes era de que ninguém poderia prever um aumento tão rápido da demanda de serviço telefônico. Contudo, em fins de agosto de 1970 mudou o presidente da New York Telephone Co. O novo presidente, William M. Ellinghaus, não deveria apenas melhorar os vencimentos dos dirigentes do grupo, mas também melhorar os vencimentos dos operadores de centrais e dos mantenedores, que tinham piorado terrivelmente: em 1969, quarenta por cento do pessoal deste tipo tinha menos de, um ano de experiência nestas atividades. Além do mais, eram necessários verdadeiros contorcionistas, para instalar e manter os cabos telefônicos em Manhattan, onde - sob as ruas - não há lugar para mais nada.

Se bem que se justifiquem previsões pessimistas, com base rios elementos examinados, deve-se considerar que todos os problemas telefônicos vão-se agravar ainda mais, porque cresce muito rapidamente a transmissão nas linhas telefônicas de dados numéricos, com a finalidade de ligar entre si vários computadores, ou de fornecer diretamente ao computador central dados provenientes de locais distantes.

Os atrasos nas comunicações interurbanas no sistema WATS (Wide Area Telephone System) são maiores nas tardes e inicio de noite dos dias úteis, entre as 17:30 h e 19 horas, que no resto do dia. O período indicado é aquele em que as filiais e sedes distantes de bancos e organizações comerciais transmitem aos computadores, situados a centenas de quilômetros, os dados contábeis do dia. Estas comunicações estão sendo usadas em escala cada vez maior, tanto que o presidente da A.T. & T., Frederick R. Kappel, afirmou, em 1961 e em 1964, que o volume de comunicações para a transmissão de dados entre os computadores, dentro de quinze anos, seria maior do que o das comunicações orais entre os usuários humanos. O que Kappel afirmou não ficou muito claro, pois ele não precisou se se referia ao número de chamadas ou à quantidade de informações transmitidas. A este propósito, iniciou-se uma polêmica entre o porta-voz da A.T. & T. e, entre outros, Reger W. Hough, do Stanford Research Institute. Hough sustenta que as comunicações vocais, nos próximos vinte anos, ocuparão as redes telefônicas por tempo superior ao de todas as outras aplicações juntas. Mas, ainda que se aceite tal afirmativa, deve-se ter em conta que o elenco dos tipos de informações que já podem ser transmitidos pelas linhas telefônicas é tão grande que a soma deles contribuirá para sobrecarregar o sistema telefônico e agravar o congestionamento e a instabilidade. Entre outros, pode-se transmitir pelas linhas telefônicas: imagens de videotelefones; programas de televisão de circuito fechado; transmissão à distância em fac-símile de jornais e gravuras; sinais de buscas automáticas de dados contidos em fichas eletrônicas e centros de informações especializados; dados para a reserva automática de lugares em meios de transporte; cotações da Bolsa e compra e venda de títulos e ações, etc.

Não é de se esperar que as futuras e piores crises dos sistemas telefônicos causem diretamente destruições e mortes, salvo acontecimentos excepcionais, como, por exemplo, a impossibilidade de telefonar pode causar a morte de poucos indivíduos pelo atraso ou falta de socorro médico ou de bombeiros. Por outro lado, os danos causados pela inundação de Florença em 1966 teriam sido talvez reduzidos se as ligações telefônicas entre as estações de guarda e as autoridades da cidade fossem melhores e mais rápidas.

Em geral, a crise dos sistemas telefônicos e telegráficos agravará a crise de outros sistemas chamados a fornecer funções substitutas daquelas inutilizáveis, de comunicação por fio (como no caso daqueles que, não podendo falar pelo telefone, se deslocam, ou procuram se deslocar, com um veiculo, contribuindo para agravar um engarrafamento de tráfego já iniciado), e tornando impossível o fluxo de informações em qualquer outra situação de emergência, criando obstáculos aos grupos de socorro ou de manutenção. Deve-se destacar, em seguida, que, assim que chega ao conhecimento de grande número de pessoas a existência de uma situação nova e anormal, a reação quase automática - que já vem ocorrendo há muitos anos - dessas pessoas é procurar o telefone e falar com outras pessoas (talvez procurando demonstrar que são os primeiros a saber de tal situação). Por exemplo: quando morreu Franklin Delano Roosevelt, a 12 de abril de 1945, enorme número de pessoas decidiu, de repente, chamar alguém ao telefone e, como conseqüência disto, toda a rede telefônica dos Estados Unidos (que então compreendia menos de trinta milhões de aparelhos) ficou congestionada e bloqueada durante algumas horas.

Como nos outros casos, falei, sobretudo, da situação norte-americana, porque na América as concentrações são maiores do que em outros lugares, e as crises conseqüentes se manifestam naquele país antes que nos outros. Na França, a situação não é muito diferente. A espera média para conseguir a instalação de uma nova linha telefônica é de um ano. Os engenheiros de uma grande sociedade de construção eletrônica, cujo escritório fica próximo de Monthléry, a cerca de 25 quilômetros de Paris, para falarem com os laboratórios e a sede da empresa, rio Boulevard Bessières, no 17º Distrito, na parte setentrional da cidade, têm de esperar, todas as manhãs, durante três ou quatro horas.

A situação italiana, deplorável até alguns anos atrás, melhorou com a recente extensão da tele-seleção para ligar os nove milhões de telefones no território da república, mas ainda não é totalmente satisfatória. Os sistemas europeus estão sendo conectados entre si, cada vez mais estreitamente, e isto agravará os congestionamentos, para os quais contribuirão também as concentrações sempre crescentes nas capitais e nos grandes centros.

Um sistema de comunicações, que recentemente tem dado muito que falar, devido à sua baixíssima eficiência - conseqüência, sobretudo, de greves - é o dos correios, nacional e internacional.

Os correios e os telefones são sistemas estreitamente ligados entre si e aptos a se substituírem. Durante a longa greve dos correios em 1969 na Itália, e em 1971 na Inglaterra, difundiu-se o hábito não somente de transmitir por telefone informações normalmente transmitidas por carta, mas também o de fechar acordos comerciais formais pelo telefone, ditando pelo fone os termos de contratos que o serviço postal só entregaria meses depois.

Os sistemas postais dos Estados Unidos da América e da Itália parecem-se muito, malgrado as dimensões diferentes: mais de oitenta bilhões de encomendas por ano distribuídas pelos Correios norte-americanos contra quase seis milhões dos Correios italianos. (Esta diferença, em termos relativos, ocorre também em outros aspectos do campo econômico: o produto nacional bruto norte-americano, em 1970, atingiu quase! um trilhão de dólares, ao passo que o produto nacional bruto italiano, no mesmo ano, foi de oitenta bilhões de dólares; o número de veículos produzidos nos Estados Unidos foi de doze milhões e o número correspondente na Itália de 1,3 milhão.)

Entre as características comuns do sistema postal italiano e do americano, podemos destacar:

A parte certas idiossincrasias individuais (como, na Itália, os freqüentes e inesperados atrasos, de até uma semana, na entrega de telegramas-cartas, e, nos Estados Unidos, a preocupação de controle para incriminar quem envia, pelos correios, material obsceno), a principal diferença entre os dois países é de que na América admite-se a concorrência particular aos correios estatais, enquanto que na Itália esta concorrência é ilegal, exceto no que tange a modestas agências de entregas. A outra diferença é de que os administradores e políticos italianos são mais otimistas e exaltam, pelo menos em público, a alta eficiência e as brilhantes conquistas dos próprios sistemas ou repartições, não obstante a realidade seja notoriamente triste, enquanto os seus correspondentes norte-americanos são mais francos nas críticas, mais realistas nas suas previsões. É conveniente examinar cada uma das afirmações e propostas destes últimos.

O Diretor-Geral dos Correios do governo Johnson, Lawrence F. O'Brien, ao reconhecer que seu departamento era empregado em uma corrida contra a catástrofe (a race with catastrophe), a 3 de abril de 1968, propôs que o Departamento dos Correios fosse transformado em uma agência governamental sem finalidades de lucro. Esta reforma, retomada no governo Nixon em 1970, deve ensejar certa independência à administração postal, permitindo-lhe eliminar o deficit do balanço melhorar o serviço e as condições de trabalho dos empregados e retirar do poder público a faculdade de promoções e novas admissões. Atualmente, os representantes sindicais dos empregados postais não se preocupam de modo algum em realizar entendimentos diretos, porque qualquer melhoria salarial somente pode ser decidida pelo Parlamento. Já que é sempre o Congresso dos Estados Unidos quem pode decidir a reforma, não se pode esperar que o sistema melhore em breve. Entretanto, as reformas são indispensáveis: o atual Diretor-Geral dos Correios, Winton M. Blount, definiu seu departamento como "um anacronismo de alto custo e de maximização do trabalho" (a high-cost labor-intensive anachronism). Como sempre, as soluções sistêmicas devem preceder - seja no tempo, seja na hierarquia - às puramente técnicas. Por outro lado, os grandes problemas sistêmicos não podem ser resolvidos pelo uso apenas de novas máquinas automáticas. Parece, entretanto, que nos Estados Unidos se depositam excessivas esperanças nas vantagens que se poderão obter com o incremento do emprego dos selecionadores automáticos (já usados com discreto sucesso há mais de um decênio) e na instalação das leitoras ópticas automáticas. Os selecionadores semi-automáticos, cada um dos quais trabalha simultaneamente com um máximo de doze operadores, distribuem automaticamente as cartas entre 277 saídas, após o operador ter carimbado em cada carta o código convencional de saída, deduzido do endereço e com base numa correspondência que o empregado tem de memorizar o percentual de erros destas máquinas, cada uma das quais pode classificar até 36 mil cartas por hora, é de cerca de cinco por cento. As leitoras ópticas automáticas funcionariam melhor se os endereços fossem carimbados com caracteres de estampa especial. Está-se fazendo um esforço de pesquisa no sentido de se construir uma máquina automática que possa ler os endereços manuscritos.

Não quero dizer com isto que as máquinas semi-automaticas ou automáticas sejam inúteis. Pelo contrário; a situação postal também na Itália seria melhor se elas fossem empregadas em maior número. Afirmo, porém, que, ao mesmo tempo em que é possível melhorar bastante a prestação dos serviços postais sem o emprego de máquinas novas, deve-se pensar também em uma situação em que as máquinas novas sejam empregadas e permaneça a deterioração do sistema, já que sua estrutura não se modificou.

Vale a pena citar o sistema postal sueco, considerado o mais eficiente do mundo, não obstante tenha de manter ligação com localidades perdidas, a grandes distâncias, no extremo norte. Os correios suecos colocam em atividade cerca de 1,5 por cento de seu orçamento (que é muito modesto: 170 bilhões de liras) e asseguram a entrega dentro de 24 horas de noventa por cento das cartas postadas. O selo para uma carta normal custa setenta liras.

Esta indicação positiva, porquanto marginal, pode levar a outra afirmativa: também em outros aspectos, a situação sueca, no campo dos grandes sistemas, é muito melhor do que nos outros países. Na Suécia, as concentrações de população são limitadas (em toda a Escandinávia não há cidade com mais de um milhão de habitantes) e os grandes sistemas não são tão grandes e congestionados. Estas condições poderão impedir a degradação dos sistemas suecos e, talvez, salvar a Suécia do advento da próxima Idade Média.

Mas o caso sueco não justifica uma visão otimista do futuro de toda a Europa, corno, da mesma maneira, não se deve esperar um futuro otimista para os Estados Unidos somente porque há informações consoladoras no Nebraska, que, com um milhão e meio de habitantes, é o trigésimo quinto Estado da União, em população.

Em Nebraska, as autoridades locais e o Departamento de Transportes iniciaram o Projeto 20/20 que se destina a criar um sistema integrado de todas as comunicações de emergência da região. O animador do Projeto 20/20, D.G. Penterman, idealizou centros de desvio de todas as chamadas de emergência para organizações destinadas a cada tipo de incidente. O número de locais sob continua supervisão pôde ser, por conseguinte, reduzido, já que os mesmos postos de revezamento se ocupam simultaneamente de socorro médico, incidentes de tráfego, delitos, tumultos, cataclismos naturais, incêndios. Ao mesmo tempo, unificaram-se os projetos de todos os sistemas de comunicações do Estado, onde se tem a certeza de que cada rede, quando não é utilizada, fica disponível para finalidades diversas das de seu funcionamento normal. Também são empregados nos serviços diários os canais de emergência das redes militares e da defesa civil. A economia alcançada - além do aumento dos rendimentos, dificilmente calculado - foi tal que apenas o orçamento inicialmente previsto para a televisão educativa bastou para pagar inteiramente o projeto, que, naturalmente, compreende também a difusão, por cabo coaxial, dos programas educativos de TV.

O exemplo de Nebraska não foi seguido por muitos Estados ou organizações americanas. Como normalmente acontece, as coisas funcionam quando há um homem ou um grupo de homens iluminados, informados e ativos que as façam funcionar. São muito poucos os lugares onde isto ocorre.