A Profecia de São Malaquias Sobre os Papas

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A profecia que ficou conhecida como profecia dos papas é atribuída a São Malaquias (1094-1148), bispo de Armagh, Irlanda. Esta profecia já deu origem a obras somente sobre ela, sobre o que alegam seus partidários, aqueles que não acreditam que ela seja autêntica, a influência que causou nos Papas do passado etc.

A profecia dos papas de São Malaquias é simplesmente uma lista de nomes em latim e cada nome estaria associado informações pessoais da vida ou do pontificado do Papa, sendo que na lista resta somente mais um nome e um último e único parágrafo atribuído ao último Papa e ao fim da Igreja católica (que ocorreria perto do fim do mundo).

Além da profecia de São Malaquias, outras profecias menos conhecidas foram feitas sobre os papas, como as diversas profecias que estão contidas no livro manuscrito Liber Prophetiarum (Bibliotheque d'Arsenal, nº 50). Uma delas possui frases em latim associadas de Pio II e fixa o fim do mundo ao sétimo sucessor de Sisto V, perto de 1650. Esta não foi realizada, portanto era uma falsa profecia.

Outras são numerosas variações de uma profecia atribuída ao abade Joaquim, que é totalmente diferente de uma outra comprovadamente dele chamada Profecia dos Papas Futuros Desde Martin V Até O Anticristo.

Outra é a profecia do cardeal Reginaldo, publicada no ano de 1423. Ainda outras profecias sobre os papas ganharam notoriedade por algum tempo, mas logo caíram no esquecimento após ter sido confirmado a falsidade destas. Uma outra profecia dos papas que ainda aparece em alguns livros de profecia é a profecia do Monge de Pádua, mas parecem existir mais de duas variações desta e somente uma parece realmente verdadeira.

A história da profecia de São Malaquias

Segundo conta a história, São Malaquias teria tido uma visão ao visitar o Papa em Roma, em 1139, que estava muito preocupado com os problemas da época. Malaquias teria dado a profecia ao Papa Inocêncio II, que se sentiu confortado ao ver que a Igreja ainda tinha muitos anos pela frente. A profecia teria, então, desaparecido e sido reencontrada somente em 1590 para ser publicada cinco anos depois.

Autenticidade da profecia

É considerado que o fato da profecia de São Malaquias ter ficado na obscuridade, só tendo sido publicada em 1595, como o mais sério contribuinte para alegarem a não autenticidade da profecia. Por que uma profecia escrita no século XII viria a ser conhecida somente no século XVI ? Seria isto impossível de acontecer ?

Sim, para muitos. Há alguns meses perguntei a um conhecido bispo do Rio de Janeiro sobre a veracidade desta profecia e ele "me garantiu" que ela era falsa, pois possuía um artigo que assim provava. Eu não cheguei a ver o artigo, mas acho que ela pode ser verdadeira ou, mesmo que não tenha sido escrita por São Malaquias, poderia ter sido escrita por uma outra pessoa de sua época.

Há alguns meses encontrei uma profecia de São Francisco Xavier, um santo conhecido, que nunca havia visto em livro nenhum, que menciono no número passado - nenhum autor nem mesmo a menciona. Esta profecia é desconhecida dos autores de livros de profecias e é a profecia mais antiga do mundo que se conhece que menciona a palavra América, e estamos falando agora dos séculos XX e XVI e não mais de XVI e XII. Portanto, me parece bem possível e aceitável que a profecia de São Malaquias tenha ficado hibernando por quatrocentos anos em uma biblioteca de algum mosteiro distante.

É verdade que os livros anteriores a 1595 de profecia não mencionam a profecia de Malaquias. Mas, pouco a pouco, sobretudo ao terem encontrado alguma verdade em alguns pontificados posteriores a 1595, a profecia foi lembrada e aceita como verdadeira. Mas no século XVIII, principalmente, ela foi criticada por alguns e para estes, tornou-se objeto de duros ataques contra sua autenticidade.

Em 1794 é publicada uma obra que afirma que uma cópia da profecia anterior ao século XVI existia no convento benedictino de Rimini (Itália). E no final do século XIX, apareceram novas refutações metódicas vinda de religiosos contra as objeções de não autenticidade e a profecia reganhou força. Mas seria inútil tentar comprender a discussão relativa à autenticidade do documento ou provar alguma coisa. 

O primeiro autor que falou da Profecia de São Malaquias foi o beneditino Arnold de Wion, em seu Lignum Vitae (Árvore da vida), Ornamentuem Et Decus Ecclesiae, publicado em 1595 e dedicado a Felipe II, rei da Espanha. Ele mesmo diz que nenhum outro escritor havia ainda mencionado a profecia. São Bernardo, que compilou a vida de São Malaquias, que menciona profecias insignificantes comparadas a esta, não a mencionou também. A profecia se trata de uma lista de 111 nomes em latim, dos quais republico alguns aqui.

O texto fornecido por Wion em seu Lignum Vitae foi o seguinte:

"Dunensis, Sanctus Malachias Hibernus, monachus Bencorensis et archiepiscopus Ardinacensis, cum aliquot annis sedi illi praefuisset, humilitatis causa archiepiscopatu se abdicavit anno circiter Domini 1137, et Dunensi sede contenus, in ea ad finem usque vitae permansit. Obiit anno 1148, die 2 novembris. 

Ad eum exstant Epistolae sancti Bernardi tres, videlicet 315, 316 et 317. Scripsisse fertur et ipse nonulla opuscula, de quibus nihil vidi praeter quamdam Prophetiam de Summis Pontificibus; quae, quia brevis est, et nondum quod sciam excusa, et a multis desiderata, hica nobis apposita est. 

PROPHETIA S. MALACHIAE ARCHIEPISCOPI 

1. Ex castro Tiberis. 
2. Inimicus expulsus. 
3. Ex magnitudine montis.

...

109. De medietate lunae 
110. De labore solis 
111. De gloria olivae 

"In persecutione extrema sacrae Romanae Ecclesiae sedebit Petrus Romanus, qui pascet oves in multis tribulationibus; quibus transactis, civitas septicollis diruetur; et Judex tremendus jubicabit populum." 

O final diz: "Na última perseguição à Santa Igreja Romana, Pedro Romano será elevado ao pontificado. Ele apascentará o rebanho no meio de numerosas tribulações, e então, a cidade de sete colinas será destruída e o Juiz temido julgará o mundo". 

O próximo papa tem o nome latino "Glória das oliveiras" e João Paulo II recebeu a legenda "Trabalho do sol". 

A aceitação da profecia pela Igreja 

Alguns papas aceitaram, eles próprios, em sua vida pública, a aplicação das legendas a sua pessoa. Em 1670, Clemente X passou em Roma sob um arco ornado com a divisa De Flumine Magno, atribuída a ela na profecia. Em Roma, para comemorar a eleição de Alexandre VIII, se  cunhou uma medalha com sua inscrição profética: Poenitentia Gloriosa. Outros países seguiram o exemplo e medalhas com as inscrições de Malaquias apareceram em várias cidades européias para comemorar a eleição do Papa. Estes exemplos servem para, pelo menos, caracterizar a atitude da Igreja quanto à profecia: não aceitam oficialmente, mas não condenam.

A profecia de Malaquias coincidindo com outras 

Quase todos os livros de profecias mais recentes mencionam a famosa profecia dos papas de São Malaquias. Segundo Daniel Réju em Les Prophéties de Saint Malachie, até o século XIX, quando foi feita uma restauração, a Basílica de São Paulo de Extramuros, em Roma, possuía, há séculos, 263 imagens que estavam, cada uma delas, associadas a um Papa, começando pelo apóstolo Pedro, coincidindo assim com a profecia de Malaquias. Uma das profecias do Monge de Pádua também parece concidir com a de Malaquias. 

Uma outra coincidência é que Nostradamus teria usado expressões semelhantes a trabalho do sol para identificar o Papa João II, mesmo tendo publicado sua obra quatro décadas antes da profecia de São Malaquas ter sido publicada, como  por exemplo: 

"Pol mensolée" na quadra VIII-46; "Pol" podendo estar se referindo mesmo a Polônia ou Paulo (apesar de poder ser algo como real, verdadeiro em latim) e "manus" pode ser mão, pulso, bando de soldados em latim e pode ser interpretado como "trabalho"; "solée" é ensolarado;

Na quadra X,29, ele usou "Pol Mansol", praticamente a mesma expressão, usando agora o termo "sol" em latim (como em português);

Na quadra IX.85, ele usa "Sainct pol de Manseole" etc.

Há ainda o que considero ser uma outra coincidência. Há outras profecias que falam que a Igreja vai de Pedro a Pedro, e Mélanie Calvat, uma menina de zona rural a quem a Virgem apareceu em La Salette, na França, em 1846, disse que o último Papa seria um judeu convertido, como o primeiro Pedro foi. 

A edição de 06-98 (número 2) publicou a interpretação comparada dos seis últimos termos da Profecia de Malaquias e os seis últimos termos da Profecia do Monge de Pádua que parece verdadeira.