DISPONIBILIDADE INTERNA E OFERTA GLOBAL: segundo Simonsen:

A preocupação com o uso dos índices, como fundamento da Correção Monetária, levou a distinguir dois conceitos de índice geral: oferta global e disponibilidade interna.

Em princípio o conceito de oferta global abrange preços referentes a todas as transações a nível de atacado efetuadas no país, inclusive preços de bens destinados à exportação. A disponibilidade interna diferencia-se desse primeiro conceito porque procura medir a evolução dos preços das transações a nível de atacado, que influenciam diretamente o poder de compra das unidades econômicas de produção situadas dentro do país.

Assim, este conceito significa, ao agregar os preços, deduzir das ponderações a parte do produto interno que é exportada. Desse modo, o índice de preços da disponibilidade interna de bens não incorpora efeitos imediatos das flutuações de preços dos bens vendidos ao exterior.

É interessante assinalar os motivos que levaram a distinguir dois conceitos de índices de preços por atacado, numa crescente sofisticação no domínio da construção e uso de tais índices.

Em agosto de 1969 ocorreu forte geada nos cafezais situados mais ao sul da área cafeeira do país. A quebra da safra futura resultou numa especulação em relação à alta dos preços do produto nos mercados importadores, que passaram a antecipar compras. Essa antecipação pressionou os preços de exportação em moeda nacional no sentido da alta. Em poucos meses, os preços da saca de café para exportação quase dobraram. O ministro da Fazenda argumentou com a FGV que não fazia sentido vincular o reajustamento das ORTNs a um movimento exógeno de preços pressionando fortemente a Caixa do Tesouro, embora este nada tivesse a ver com o poder de compra interno da moeda.

Daí a distinção entre Oferta Global e Disponibilidade Interna na apresentação dos novos índices de preços por atacado. É este índice de disponibilidade interna o índice retido pelo ministério do Planejamento para estribar a determinação dos coeficientes de correção monetária. Cabe ainda esclarecer, em relação a essa distinção conceitual, que no índice de oferta global a discriminação (ou desdobramento) em índices setoriais obedece ao critério de origem do produto (agricultura, indústria); no caso da disponibilidade interna, ao critério do destino da produção ou seu grau de elaboração (bens de consumo, bens de capital; duráveis e não duráveis) (33, p. 309).