APÊNDICE 6

COMO SE DESENVOLVE UM PAÍS

O progresso começa dentro de cada um de nós.
José Sarney (Discurso de 27-7-85)

Uma inovação consiste de 10% de inspiração
e 90% de transpiração.

Albert Einstein e Thomas Alva Edison

Parece haver um consenso no sentido de que um dos Grandes Objetivos Nacionais deva ser o Desenvolvimento Social e Econômico do Brasil. O problema é como consegui-lo.

Um dos cientistas sociais que estudaram esse problema foi Galbraith, ex-embaixador americano na Índia, cujas conclusões expôs em sua obra "A Natureza da Pobreza das Massas" (108).

Em síntese, ele afirma que o subdesenvolvimento é uma situação de acomodação estável, isto é, qualquer tentativa de injetar recursos faz com que sejam rapidamente consumidos, tal é a sua carência, voltando então à situação anterior, sem deixar nenhum saldo positivo apreciável.

Essa estabilidade só pode ser rompida através de duas maneiras: pela violência ou pela educação das massas. Aí dá-se então o escape da pobreza, por três caminhos diferentes: o desenvolvimento da agricultura, a criação de indústrias e a emigração para países mais desenvolvidos.

A importância que assume a Educação nesse processo é grande, motivo pelo qual os países desenvolvidos são os detentores das tecnologias disponíveis atualmente, inclusive as gerenciais.

O Brasil, entretanto, não tem lhe dado a devida importância, já que em 1974, por exemplo, foi o país que menos investiu na Educação (6% do orçamento) em toda a América Latina (109) .

Não obstante esse descaso com o principal fator de desenvolvimento sócio-econômico, criaram-se algumas "ilhas de desenvolvimento", onde o esquema pesquisa-ensino-produção-pesquisa tem contribuído duradouramente para o desenvolvimento do Brasil.

Tal é o caso, por exemplo, do Instituto Tecnológico de Aeronáutica de São Paulo (ITA), fundado em 1950. Hoje disputa, com seu aviões, o mercado dos EUA, obrigando este a se proteger dessa concorrência "tupiniquim". O pessoal selecionado, evidentemente, é de primeira qualidade, haja vista seu exame vestibular.

Caso semelhante ocorre nos EUA com a principal indústria do terceiro milênio da Humanidade: a Informática.

No famoso Vale do Silício, berço desse florescente e bem sucedido empreendimento, também se observa a íntima ligação pesquisa-ensino-produção: de um lado da rua estão as Universidades e Centros de Pesquisa, e, do outro, as fábricas. Sem essa estrutura orgânica, qualquer "independência tecnológica" não passará de uma utopia. Mesmo com Reservas de Mercado.

Gracioso (21, p. 98) cita outros casos bem sucedidos de desenvolvimento de tecnologia nacional:

O desenho anterior tem por finalidade ilustrar, nesse contexto, como o processo educacional se articula com a produção e a pesquisa, articulação essa que, sendo duradoura, permite ao país atingir a sua "velocidade de escape", através da qual poderá se livrar do campo gravitacional do subdesenvolvimento.

Não nos iludamos, no entanto, em um ponto: como diz o Professor Walter Del Picchia, da Universidade de São Paulo, "O processo educacional é lento, gradual e de alto custo". Não há outra saída. Ad astra per aspera: Chega-se aos astros através de dificuldades.