CAPÍTULO 1

O QUE É INFLAÇÃO

É preciso ressaltar, grifar, enfatizar, lembrar e insistir
que o pior inimigo do trabalhador é a inflação.

Almir Pazzianotto
Min. do Trabalho de Sarney
(cit. Folha, 17-7-85, p.2)

Quando uma mercadoria, que nós adquiríamos por $ 10,00, passa a custar $ 12,00 no mês seguinte, e continua a subir sem parar, juntamente com o preço das demais mercadorias e serviços, dizemos que existe um processo inflacionário. Esse aumento persistente dos preços é a inflação.

INFLAÇÃO É A ALTA CONTÍUA E GENERALIZADA DOS PREÇOS.

Por outro lado, é comum encontrar "definições" de inflação como estas:

"Crescimento anormal e contínuo dos meios de pagamento (moeda e crédito) em relação às necessidades de circulação dos bens de consumo" (Dic. Aurélio);

"Excesso de moeda em circulação na economia";

... e outras do mesmo teor.

Tais "definições", baseadas numa antiga crença de que a inflação é um fenômeno ligado ao dinheiro, não estão corretas, pois trocam o efeito por uma causa discutível e não de todo aceita.

A inflação, essencialmente, é "uma alta renitente e disseminada dos preços", quer seja oriunda de problemas monetários, como querem os seguidores de Friedman, quer seja devido a fenômenos estruturais, como defendem os estruturalistas.

Não devemos, pois, confundir a causa com o efeito.

Quanto à sua origem, a palavra "inflação" veio do latim "flare" (soprar) e "in" (para dentro). Assim, "inflare" quer dizer "soprar para dentro". Daí veio "inflationem", ou seja: inchação, tumefação, flatulência, tumor, inchaço, dilatação da água formando bolhas.

O sentido original de "inflação" é, pois, o de um aumento de volume sem o correspondente aumento de substância, tal como a água que, embora estufando ao ferver, formando bolhas, não tem a quantidade de massa aumentada em decorrência dessa "inchação".

Situação análoga ocorre com nosso salário ou nossa renda, após um aumento. Ficamos com a impressão de que estamos ganhando mais, mas é pura ilusão. O dinheiro apenas "inchou", aumentando em volume, mas sem crescer em substância, pois continuamos comprando com ele as mesmas coisas que antes, se tanto.

Embora a inflação seja um dos maiores problemas dos brasileiros, a literatura a respeito é escassa.

Entre os melhores livros sobre o assunto, podem ser citados:

Inflação: o Preço da Prosperidade, de Griffiths (inglês), escrito em 1975, analisa a inflação dos países desenvolvidos, sob o enfoque tradicionalista (1).

Stagflation: an Introduction to Traditional and Radical Macroeconomics, de Sherman (americano), neomarxista, estuda a inflação americana. Escrito em 1982 (2).

300 Anos de Inflação, de Buescu (brasileiro), analisa a inflação brasileira de 1500 a 1900, sob abordagem monetarista. Elaborado em 1972 (3).

Inflação Brasileira, de Ignácio Rangel (brasileiro), marxista, examina a inflação brasileira até 1962. Edição esgotada (221).

Inflation et Emploi Dans les Pays Socialistes, de Seurot (francês), um dos raros livros ocidentais a investigar a inflação nos países socialistas. Enfoque monetarista. Escrito em 1982 (187).

Inflação e Recessão, de Bresser Pereira e Nakano (brasileiros), institucionalistas. Coletânea de artigos publicados entre 1980 e 1984 (188).

O Choque Heterodoxo: Combate à Inflação e Reforma Monetária, de Francisco Lopes (brasileiro), institucionalista. Artigos publicados entre 1975 e 1986 (222).

Inflação Inercial, Teorias Sobre Inflação e o Plano Cruzado, vários autores, coleção de artigos ligados ao novo enfoque da Economia trazido por Funaro e Sayad. Edição de 1986 (246).