Metodologia de programação é inovadora
Segunda-feira, 5 de agosto de 2002
Dois programadores trabalham: um digita e outro palpita e usuário
participa também
MARCELO GOMES WOTFE
Especial para o Estado
A área de Informática pode ser considerada ainda em formação. Os
primeiros computadores comerciais começaram a operar em grande escala há
pouco mais de 50 anos. Como em toda área em formação, as regras ainda estão
sendo definidas, ajustadas e mudam constantemente.
Existe uma piadinha que circula no meio que diz que se o engenheiro
civil e o médico errassem tanto quanto o profissional de informática não
existiria nenhuma ponte de pé, bem como pessoas vivas para
atravessá-las.Apesar de ser uma piada, no fundo é verdadeira.
Na tentativa de mudar este quadro, surgem novas técnicas visando trazer
regras, normas e principalmente qualidade no trabalho apresentado pelo
profissional da área.
A Extreme Programming, ou XP, para os íntimos, é uma nova metodologia de
análise de sistemas e programação que se apoia nos fundamentos de Tom
DeMarco e Edward Yourdon mas, tenta corrigir suas principais deficiências. A
técnica é revolucionária e propõe várias mudanças na maneira de se
trabalhar.Para começar, a programação deve ser feita por uma dupla de
programadores.
Devem estar sentados em uma mesa especial que comporte ambos. Um digita
e o outro palpita e sugere. As posições podem ser invertidas constantemente.
A responsabilidade pelo código é de ambos. Existe um terceiro profissional ,
o acompanhador, que verifica o progresso de cada dupla, sem ser intrusivo.
As reuniões de acompanhamento do projeto devem ser feitas de pé, sem a
presença de mesas ou mesmo café e água, para que sejam rápidas e produtivas.
A presença do usuário ou cliente do sistema que está em desenvolvimento
deve ser constante. Deve-se deslocar alguns usuários para que façam suas
atividades do dia-a-dia junto com os desenvolvedores. Este usuário chama-se
contador de histórias é e quem vai dar as diretrizes do sistema porque é
quem verdadeiramente conhece as regras do negócio. Fazendo uma analogia, o
programador atua como o motorista, mas quem define o itinerário é o usuário
que estará ao lado do desenvolvedor, no banco de passageiro.
O livro descreve a XP detalhadamente, em uma abordagem de quem a fez
funcionar na prática, sem ficar restrito à aspectos teóricos.
Só o tempo nos dirá se a XP é uma novidade passageira, como tantas que os
americanos adoram inventar, ou algo sólido e que veio para ficar. Na dúvida,
é melhor conhecer alguma coisa sobre o assunto.
O livro é indicado para programadores, analistas de negócios e como
material de apoio para matérias de análise de sistemas ao nível de graduação
e pós-graduação. Extreme Programming - Guia Prático, de Dave Astels,
Granville Miller e Miroslav Novak, ed. Campus, 376 págs., R$ 79.
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Marcelo Gomes Wotfe, formado em Tecnologia de
Processamento de Dados e Bacharel em Física, é consultor de TI e
trabalha há 12 anos na área, mwotfe@gmx.net
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