Bebê com dois rostos é tratada como 'deusa' na Índia

 

http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2008/04/080410_indiabebeduasfacesfn.shtml

10-abr-2008

Sanjoy Majumder
De Déli para a BBC

 

Bebê Lali, que nasceu com duas faces, no colo de sua mãe, Sushma

Bebê Lali, que nasceu com duas faces, no colo de sua mãe, Sushma

Um bebê de um mês, que nasceu com duas faces devido a um problema raro, virou alvo de devoção dos vizinhos em um vilarejo perto de Délhi, na Índia.

 

Lali, uma menina, nasceu com um problema chamado duplicação craniofacial e tem dois pares de olhos, dois narizes e dois pares de lábios.

"A primeira vez que a vi fiquei com medo, é natural. Mas agora me sinto abençoado", disse o pai de Lali, o lavrador Vinod Singh.

Médicos disseram a Singh que, apesar do problema, a menina é saudável e normal. Ela consegue beber leite por qualquer uma das bocas e também respira normalmente.

No vilarejo onde Lali nasceu seu problema a transformou em objeto de fascinação e reverência, com os moradores fazendo fila para ver a criança.

Muitos deles trazem oferendas em dinheiro, acreditando que Lali tem poderes especiais.

"Quando se vê algo que não é natural, só pode ser algo de Deus. É tão mágico que acreditamos que ela seja uma deusa", disse Jatinder Nagar, um vizinho que assumiu o papel de guia das visitas à criança.

Separação

Vinod Singh não quer mais visitas à sua filha

Vinod Singh não quer mais
visitas à sua filha

Vinod Singh é um lavrador muito pobre. Dentro da pequena casa da família, ele fica cercado pelos moradores do vilarejo que chegam para ver Lali.

Mas o pai da menina está se sentindo cada vez menos confortável com a situação.

"Ela é minha filha. Não quero mais nada disso. Estou cansado", afirmou.

A reação de Singh, no entanto, vai contra séculos de tradição, pois os moradores do vilarejo acreditam que Lali é a reencarnação de uma deusa hindu e até já falaram em construir um templo em sua homenagem.

Médicos em Délhi afirmaram que existe a possibilidade de separar a cabeça de Lali, mas antes querem fazer mais exames para saber se os órgãos internos da criança são normais.