BBC Brasil, 08-mai-2006
Soldados da ONU (Organização das Nações Unidas) estão pagando para ter sexo com
meninas de até oito anos de idade com dinheiro ou itens de necessidade básica,
segundo uma denúncia da ONG britânica Save the Children (Salve as
Crianças).
Além de capacetes azuis, há agentes humanitários e empresários locais que
participam dos abusos, diz um relatório da organização publicado nesta
segunda-feira.
Segundo a Save the Children, o fato de acusações semelhantes
já terem sido feitas envolvendo países como a República Democrática do Congo não
aumentou a segurança das crianças.
"Apesar dos compromissos feitos em 2002 por ONGs, ONU e tropas de paz para
melhorar o monitoramento mundial de recrutamento e comportamento dos
funcionários, crianças vulneráveis ainda estão trocando sexo por necessidades
básicas e indivíduos abastados regularmente compram sexo com menores", diz o
relatório.
"Posição de poder"
A entidade defende que "homens que usam posições de poder para se aproveitar de
crianças vulneráveis" sejam denunciados e demitidos e que seja dado mais apoio
às famílias para que possam garantir sua sobrevivência sem desespero.
O estudo foi baseado em entrevistas com crianças e adultos feitas em
acampamentos temporários construídos para abrigar os refugiados internos,
pessoas que abandonaram as suas casas para fugir da violência gerada por duas
guerras civis no país.
Crianças e membros de comunidades de refugiados afirmaram que meninas vinham
sendo submetidas a exploração sexual por adultos em posições de poder, como
funcionários de ONGs, integrantes de forças de paz e pessoas ricas da região.
A organização faz um apelo à nova presidente da Libéria, Ellen Johnson-Sirleaf
para tomar medidas contra a exploração sexual de crianças.