TI NÃO IMPORTA MAIS?
É O QUE DIZ A HARVARD

Sandra Carvalho, da INFO
Sexta-feira, 30 de maio de 2003 - 13h19

SÃO PAULO - A Harvard Business Review publicou este mês um dos textos mais provocadores já escritos sobre tecnologia da informação. Dá para sentir o espírito da coisa pelo título: "TI não importa mais".

O autor do ensaio, Nicholas Carr, é um dos editores da HBR. Sua tese: TI se tornou uma commodity como eletricidade ou qualquer outra utility. Como seu uso se generalizou, deixou de ter importância estratégica. Vai até se tornar um tédio.

Não é a primeira vez que a HBR provoca indignação na turma de TI. No ano passado, ela já mexeu com o brio de muita gente ao perguntar, no título de outro texto: "Está na hora de demitir o CIO?" O subtema do artigo também era a diminuição da importância da tecnologia da informação.

Na visão de Carr, TI se tornou um fator de produção como outro qualquer, um desses custos obrigatórios que já não garantem vantagem competitiva a ninguém. Com a tecnologia se tornando cada vez mais barata e mais largamente utilizada, quem consegue se distingüir dos competidores com ela?

Para Carr, façanhas tecnológicas que dão vantagem competitiva, como a da American Airlines com o sistema de reservas Sabre, da Federal Express, com o acompanhamento online das encomendas, e da Mobil Oil, com seu sistema de pagamento automático, estão cada vez mais improváveis. Seriam exceções que comprovariam a regra da comoditização de TI.

O principal risco em relação a TI, diz Carr, não é investir pouco, é gastar demais. Ele cita a Dell e a Wal-Mart como exemplo de empresas espertas em TI, que não fazem experiências com tecnologia de ponta, esperando que padrões e as melhores práticas se solidifiquem.

Para fechar seus argumentos, Carr menciona uma pesquisa da consultoria Alinean que comparou os resultados financeiros com os gastos em TI de 7500 grandes empresas americanas. As 25 companhias que deram o maior retorno financeiro investiram 0,8% de seu faturamento em TI, contra 3,7% das outras empresas.

Carr cutuca vários nomões da informática em seu texto. Como reforço à sua tese de comoditização de TI, afirma que IBM e Microsoft estão se posicionando como vendedores de utilities. Na hora de dar uma idéia de quanto as empresas poderiam economizar, sugere que se olhe na coluna dos lucros da Microsoft.

E para fechar o tiroteio contra investimentos em TI, invoca Larry Ellison, o CEO da Oracle, dizendo que a maioria das companhias investe demais em TI e tem muito pouco em retorno.

Não é a troco de nada, vê-se, que Carr está provocando polêmica. A repercussão vai se espelhar na coluna do lucro da HBR. Para ler o artigo de Carr na íntegra, gasta-se no mínimo 6 dólares para o download de um PDF. Para acessar o artigo, clique aqui (e pague US$ 6.00). Para reclamar com o autor, mande um e-mail a ncarr@hbsp.harvard.edu .